sexta-feira, 13 de maio de 2011

A DOUTRINA DOS DOIS REINOS DE LUTERO - BOLETIM - 15.05.2011

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne”. Filipenses 1. 21-24.

Você certamente já ouviu falar do conto do “crente raimundo”. É aquela história do sujeito que vive com um pé na igreja e o outro no mundo! O “crente raimundo” não é apenas uma sátira de uma personagem cristã de vida dúbia, é antes de tudo a personificação de um dilema importante exposto pelo apóstolo Paulo e muito bem retratado por Martinho Lutero no século XVI, em sua doutrina dos dois reinos! Esta doutrina é um fragmento dentro de uma abordagem maior chamada: Cristo e a cultura em paradoxo! Esta abordagem defendia o seguinte: “O mundo e a cultura humana fundamentalmente não são maus; no entanto o cristão deve esperar lutas para levar uma vida cristã autêntica”.

Segundo o reformador alemão Matinho Lutero há certa tensão em termos de sua doutrina dos dois reinos: o “reino do mundo” e o “reino de Deus”. Estas duas realidades de autoridade tão distintas coexistem e sobrepõem-se, resultando na tensão de os cristãos viverem em um reino, tentando, porém, obedecer à autoridade do outro.

Os padrões de Deus nem sempre são aceitáveis ao mundo; na verdade, em alguns pontos o mundo despreza totalmente a igreja cristã, considerando sua pregação até mesmo como loucura. 1Co. 1.18. De maneira prática todos nós lidamos com o “crente raimundo”, não aquela figura folclórica conhecida da igreja, mas necessariamente o personagem real, aquele que existe dentro de cada um de nós. O apóstolo Paulo nos adverte através de sua máxima sobre a verdadeira identidade do “crente raimundo”: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”. Rm. 7.19.

Ao ler as palavras acima registradas, Paulo nos leva a perceber que este crente está dentro de cada um de nós, algumas vezes conduzindo nossas decisões, em outras, como alguém de pouca influência, mas ainda assim um ser latente! Esta é a real dinâmica dos dois reinos!

Outra máxima do apóstolo Paulo “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl. 1.21) nos traz esperança a respeito desta dualidade espiritual, isto é, viver no contexto dos dois reinos. Podemos nos apropriar da mesma convicção do apóstolo ao afirmar que mesmo vivendo em um reino mundano, nossa vida, porém, é propriedade do divino, neste caso de Jesus. O mesmo apóstolo que declarou: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo”. Rm. 7.18, é o homem que dependia de Jesus para viver: “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” Rm. 8.10-11.

Paulo nos ensina a importância de reconhecer as nossas fraquezas, mas a necessidade de nos revestirmos da vida e do poder de Cristo: o Espírito Santo. Assim fazendo seremos de um único reino, em breve!
Pr. Paulo

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